1 ano e 9 meses desdeque Piva saiu de São Paulo com o seu Fusca Pitanga para formar o Circo do Pitanga que percorre comunidades rurais do interior dos estados nordestinos e agora, em direção ao Norte. Rogério Piva leva os espetáculos gratuitamente e utiliza o chapéu como sua bilheteria democrática, é no chapéu que as pessoas colaboram e ele vai financiando a viagem e chegando cada vez mais longe. Cada dia um lugar, cada dia uma história. 

Neste mês de Outubro, chegou ao Brasil a cineasta russa Dasha Slyusarenko da Produtora 1, 2, 3 da Russia e passou 1 mês viajando a bordo do Pitanga, captando cada momento, cada dia, cada chegada e cada apresentação. O filme será apresentado junto com outros 7 que fala de circos pelo mundo. 

Rogério Piva segue sua viagem, otimista e aumentando as possibilidade de caminhos que ele vai vendo como grandes alternativas de seguir fazendo da sua arte aessível e democrática. 

 

"A poesia da surpresa de cada dia.

Quando chego, somente olhares, o encanto pelo fusca, mas o mistério do que eu trazia.

Tudo acontece muito rápido, eu chego, procuro um local e vou anunciar para todos. Cada show começa entre as 19 e 20 horas e sempre consigo trazer uma multidão. É assim durante cada dia. Escolher algum lugar no mapa, viajar até lá, me articular, anunciar, preparar e fazer o show. Ao fim, vou para alguma casa onde sou convidado para uma dormida. No outro dia, sigo para o próximo lugar que escolho no mapa. Dia após dia encaro a emoção do desconhecido, da capacidade de me articular, de me redescobrir. Dia após dia, recebo a gratidão das pessoas que com os olhos cheios de lágrimas, se sentem representados de alguma maneira.

Falo sobre racismo, machismo, homofobia, alcoolismo, falo sobre o acesso a arte, falo sobre poesia e livros, falo sobre saudade. Até aqueles mais durões, vem para um abraçofraterno. Por todos os lados, o abraço coletivo se forma e o grito de alguns é escutado através da poesia que tento declamar com bolas e argolas ao alto, com um acorde na sanfona, com a vontade de seguir que não cessa.

1 ano e 9 meses na estrada e cada dia descubro mais e mais possibilidades, cada dia me reencontro.

Meu patrocinador segue sendo o povo e ele é o único logotipo que aparece na minha foto. Assim, eu sigo."

 

Seguem duas reportágens feitas em dois pequenos municípios do Sertão da Paraíba onde Rogério Piva está passando.